domingo, 10 de janeiro de 2021

São José: santo dos sem-nome, dos sem-poder e dos operários


 "Jesus deixa o seguinte mandato: 'Quando fordes revestidos de minha força e receberdes o Espírito Paráclito e fordes enviados a pregar o evangelho, pregai também a respeito de meu querido pai José'", escreve Leonardo Boff, teólogo, filósofo e escritor.


Eis o artigo.

   Ao lado dos quatro evangelhos (MateusMarcosLucas e João) que representam a inteligência da fé, pois são verdadeiras teologias acerca da figura de Jesus, existe uma vasta literatura apócrifa (textos não reconhecidos oficialmente) que levam também entre outros, o nome de evangelho, como o Evangelho de Pedro, o Evangelho de Maria Madalena e a História de Joséo Carpinteiro que iremos comentar. Não foram acolhidos oficialmente por não se enquadraram na ortodoxia então dominante no século II e III quando a maioria surgiu. Eles obedecem à lógica do imaginário e preenchem o vazio de informações dos evangelhos, especialmente acerca da vida oculta de Jesus. Mas tiveram grande importância para a arte, especialmente na Renascença e, em geral, na cultura popular. A própria teologia hoje, com novas hermenêuticas os valoriza.

Este apócrifo, A história de José, o carpinteiro (edição da Vozes 1990), é rico de informações sobre Jesus e José. Na verdade, se trata de uma longa narrativa de Jesus sobre seu pai José feita aos apóstolos. Jesus inicia assim: “Agora escutai: vou narrar-vos a vida de meu pai José, o bendito ancião carpinteiro”.

Então Jesus conta que José era um carpinteiro, viúvo, com 6 filhos, quatro homens (TiagoJoséSimão e Judas) e duas mulheres (Lísia e Lídia). “Esse José é meu pai segundo a carne, com quem se uniu, como consorte, com minha mãe Maria.”

   Narra a perturbação de José ao encontrar Maria grávida, sem a participação dele. Narra outrossim o nascimento de Jesus em Belém, a fuga para o Egito e a volta à Galileia. Termina dizendo: ”Meu pai José, o ancião bendito, continuou exercendo a profissão de carpinteiro e assim com o trabalho de suas mãos pudemos manter-nos. Jamais se poderá dizer que comeu seu pão sem trabalhar”.

Referindo-se a si mesmo, Jesus diz: “Eu de minha parte, chamava a Maria de ‘minha mãe’ e a José de ‘meu pai’. Obedecia-lhes em tudo o que me ordenavam sem me permitir jamais replicar-lhes uma palavra. Pelo contrário, dedicava-lhes sempre grande carinho”.

Continuando, Jesus conta que José casou pela primeira vez quando tinha 40 anos. Permaneceu casado por 49 anos até a morte da esposa. Tinha portanto 89 anos. Ficou viúvo um ano. Depois dos esponsais com Maria até o nascimento de Jesus ter-se-iam passado 3 anos. José teria, pois, 93 anos. Ficou com Maria por 18 anos. Somando tudo, teria morrido com 111 anos.

Depois, com detalhes, narra que seu pai “perdeu a vontade de comer e de beber; sentiu perder a habilidade no desempenho de seu ofício” Ao acercar-se a morte, José se lamenta proferindo onze ais. É o momento em que Jesus entra no aposento e se revela grande consolador. Diz: “Salve, José, meu querido pai, ancião bondoso e bendito”. Ao que José responde: “Salve, mil vezes, querido filho. Ao ouvir tua voz, minha alma recobrou a sua tranquilidade”. Em seguida, José recorda momentos de sua vida com Maria e com Jesus até recorda o fato de “ter-lhe puxado a orelha e o admoestado: ‘sê prudente, meu filho’ porque na escola fazia artes e provocava o rabino.

Jesus então confidencia: “Quando meu pai pronunciou estas palavras, não pude conter as lágrimas e comecei a chorar, vendo que a morte ia se apoderando dele. “Eu, meus queridos apóstolos, fiquei à sua cabeceira e minha mãe a seus pés…por muito tempo segurei suas mãos e seus pés. Ele me olhava, suplicando que não o abandonássemos. Pus minha mão sobre seu peito e senti sua alma que já subira à sua garganta, para deixar o corpo.”

Vendo que a morte demorava por vir, Jesus fez uma oração forte ao Pai: “Meu Pai misericordioso, Pai da verdade, olho que vê e ouvido que escuta, escuta-me: Sou teu filho querido; peço-te por meu pai José, obra de tuas mãos… Sê misericordioso para com a alma de meu pai José, quando for repousar em tuas mãos, pois esse é o momento em que mais necessita de tua misericórdia”. “Depois ele exalou o espírito e eu o beijei; eu me atirei sobre o corpo de meu pai José…fechei seus olhos e cerrei sua boca e levantei-me para contemplá-lo”. José acabara de falecer.

No sepultamento Jesus confidencia aos apóstolos: “não me contive e lancei-me sobre seu corpo e chorei longamente”, Termina fazendo um balanço da vida de seu pai José:

“Sua vida foi de 111 anos. Ao fim de tanto tempo, não tivera um só dente cariado e sua vista não se enfraquecera. Toda sua aparência era semelhante à de uma criança. Nunca sofreu qualquer indisposição física. Trabalhou continuamente em seu ofício de carpinteiro até o dia em que lhe sobreveio a enfermidade que o levaria à sepultura”.

   Ao encerrar seu relato, Jesus deixa o seguinte mandato: “Quando fordes revestidos de minha força e receberdes o Espírito Paráclito e fordes enviados a pregar o evangelho, pregai também a respeito de meu querido pai José”. O livro que escrevi sobre São José quis responder a este mandato de Jesus.

A bem da verdade, ele ficou quase esquecido pela Igreja oficial. Mas o povo guardou-lhe a memória, pondo o nome de José a seus filhos, a cidades e a ruas e a escolas. Ele é o símbolo dos sem-nome, dos sem-poder, dos operários e da Igreja dos anônimos.

Fonte do artigo: http://www.ihu.unisinos.br/188-noticias/noticias-2018/575182-sao-jose-santo-dos-sem-nome-dos-sem-poder-e-dos-operarios

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Retomando nossas atividades!

   Olá, amigos... Hoje, retomamos nossas atividades em nosso blogger. Pra frente e que Deus nos abençoe ao longo dessa caminhada!
   Como estamos vivendo os dias que antecedem ao nascimento do Menino Deus, tempo litúrgico conhecido como advento, que tal ficarmos por dentro de algumas características desse tempo?!
   Vamos lá.
   Vem, Senhor Jesus, esse é o grande apelo do advento. A ausência do glória, a cor roxa/rosaa coroa do advento, com seu acendimento progressivo semana a semana, a novena do natal, com destaque para as antífonas do Ó, as músicas próprias, os textos sagrados, tudo isso propicia o clima de alegre espera da vinda do Senhor.
   Os textos das antífonas do Ó constituem uma síntese da história da espera do Messias, uma proclamação de seus títulos e suas funções, uma atualização do desejo da vinda através do grito: Vem!, que faz da oração dos justos do Antigo Testamento a oração da Igreja até que Ele venha. O ofício divino das comunidades traz um roteiro de novena do natal, fácil e orante, que já esta sendo adotado por várias comunidades do nosso Brasil.
    Além dos domingos e as semanas, as festa da santa virgem Maria “cheia de graça” (8/12); Maria, mãe de Guadalupe (12/12), virgem grávida, festa que sublinha o sentido do advento como tempo de gestação e de esperança, marcam de maneira singela e popular esse tempo de oração vigilante e  alegre expectativa pela chegada do Senhor. 
   Grande abraço e bom advento a todos!

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Vamos celebrar... tá chegando a hora da festa!

    Já estamos vivendo os últimos dias do mês de fevereiro. Logo, março estará aí e com ele a festa de São José, padroeiro de nossa comunidade. O tema deste ano é "fazei discípulos com São José", proposto por nosso novo pároco, Emílio César, em acordo com nossa coordenação. Será ao redor dele que serão feitas todas as reflexões. Devo dizer, que este tema está intimante ligado ao documento de Aparecida, que convida a todos sermos discípulos-missionários.
    Nossa programação já está preparada.
    No dia 10 de março, abertura da festa com hasteamento da bandeira e missa presidida por nosso vigário, Carlos Daniel. A partir do dia seguinte, as 18h terço mariano seguido da novena de São José. A celebração litúrgica terá início as 19h.
    O hinário da festa seguirá o esquema dos outros anos. Trará um número de cânticos reduzido, que propiciará uma rápida aprendizagem fazendo, com isso, o povo participar ativa, consciente e plenamente, também através do canto. As comunidades de nossa paróquia já foram convidadas bem como aqueles que irão presidir nossas liturgias. A programação do convívio fraterno também já foi feita. Nossas barracas com comidas típicas e outras opções deliciosas marcarão com certeza, de forma positiva, nossas noites após as celebrações. Como de costume, haverá no dia 19 de março, celebração pela manhã e logo após, nosso café comunitário. N
o final da tarde, saindo da igreja matriz de Messejana, procissão em direção a igreja de nossa comunidade, onde haverá o encerramento dos festejos.
    O coração de cada caminheiro e caminheira em nossa comunidade está batendo forte de alegria pela aproximação de nossa festa, momento de muita oração, fé, acolhimento, amizade, animação e convívio. Que o Senhor nos guie e conduza nossos trabalhos.!
São José, rogai por nós e aumentai a nossa fé!

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Iniciando a caminhada

     Bom, ainda estamos nos primeiros dias do novo ano. E como todo mundo diz, "ano novo, vida nova."
     Muitas novidades aguardam nossa comunidade, nossa paróquia, nossa gente. A nível de comunidade, nosso povo já se movimenta para a realização da festa de São José, que acontecerá em março. Muito já foi dito. Nomes de padres foram citados para presidirem as celebrações ao longo do novenário. Foi organizado um calendário com a participação das comunidades. A escolha do tema ficou pra depois da posse dos novos pároco e vigário.
     Por falar nisso, toda a paróquia de Messejana está movimentada em torno da chegada desses dois pastores, que pela providência divina, estarão caminhando conosco a partir do dia 24 de janeiro. Aqui, cabe um parêntese. Nossa gente, cheia de saudade do querido padre Daniel e desejosa de que o o Senhor o continue abençoando, reza por ele todos os dias, agradecida pela experiência de fé e amizade vividas entre nós. Muito bem colocarmos agora, uma palavra de agradecimento ao padre Litércio. Com seu jeito ímpar, soube conquistar os messejanenses. Abençoa teu servo, Litércio, Senhor! Este é o grito que sai do chão, do teu povo em oração. Aos dois, obrigado e felicidades! Fecha parêntese. Aos que chegam, padre Emílio e padre Daniel, sintam-se desde já, acolhidos, abraçados e amados. Vamos juntos, com as bênçãos da Imaculada Conceição, continuar construindo o Reino de Deus no meio de nós.
     Como vimos, as coisas continuam acontecendo. A estrada tem sempre terrenos novos, curvas novas, sombras, sol, chuvas, ventos, porém, a caminhada não pode parar. 2014 chegou trazendo muitas surpresas e desafios. Continuemos a luta, a "roça" é grande.

domingo, 24 de novembro de 2013

Jesus é Rei, porque escuta o clamor do povo

 
Hoje, com a Solenidade de Cristo, Rei do universo encerramos mais um ano litúrgico, que foi todo ele trilhado a luz do evangelho Lucano. Jesus é rei, porque serviu e serviu até as últimas consequências. Doou a sua vida pela salvação de todos. É rei, porque comprometeu-se com a justiça, com a vida. Ao longo do ano o evangelista foi mostrando através de seus textos que nós somos convidados a optar por ficar ou não ao lado da justiça, a ficar ou não do lado dos mais fracos e desfavorecidos, a ficar a favor ou contra Jesus, esse rei que serve e se doa. Nós somos livres pra fazermos a nossa escolha. Quem está com Jesus, serve, doa, ama, não quer privilégios ou riquezas. Quem está contra, quer explorar e enganar, quer está sempre por cima dos outros, detesta dividir, não consegue viver em comunhão, não sabe amar e por fim, quer matar Jesus.
   Essa proposta de escolha, também marca o evangelho deste domingo. Uma rica lição é dada pra nós no episódio da cruz.
   Os dois homens pendurados no madeiro, um em cada lado do pobre moribundo de Nazaré, também tem a opção de ficar ou não com Jesus. Um quer ver para crer. E não apenas ele, mas os que ali estavam duvidavam de tudo aquilo que Jesus fez e ensinou. Para acreditar, teriam que ver coisas fantásticas, descer da cruz sem ferimentos e derrubar quem o colocou pregado. Assim somos nós. Quantas vezes duvidamos, quantas vezes não acreditamos na eficácia do acolhimento, da amizade, do carinho, do cuidado, da caridade, do amor. Quantas vezes exigimos provas e milagres, dinheiro e bens para acreditarmos em Deus?!     O outro, pedia para ser ouvido o seu grito de dor e sofrimento. "Lembra-se de mim, Senhor, quando estiver em teu reino!" Este outro vai na contra-mão do seu amigo, que padece do mesmo mal, que tem a mesma vida sofrida. A diferença? Acredita na proposta de Jesus. Apesar dos sofrimentos e dores, privações e exclusões, coloca todas as esperanças nas mãos de Deus. Grita de dor, pede justiça, clama por vida. Assim fazem tantas pessoas em nosso mundo, em nossas comunidades, a fome, a doença, a violência, o desprezo, a injustiça não são capazes de abalar a fé e a esperança que se tem em Deus. A certeza de um dia chegarmos ao reino da justiça e da verdade, que Jesus veio inaugurar em nosso meio.
    Que sejam abertas as portas do nosso coração para que o Reino de Deus comece em nós mesmos. Para participarmos do seu Reino é necessário aprendermos esta lição, "servir, doar, repartir", e fazendo isso, quando chegar aquele dia, ouviremos suavemente a voz do Mestre de Nazaré dizendo: "hoje, estarás comigo no paraíso."
   

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Comunidade São José, vivenciando o mês missionário

    O mês que estamos vivendo esta sendo marcado em nossa comunidade por visitas as casas e famílias de nossa gente. Conscientes somos que não iremos a todas as casas, não conversaremos com todos, primeiro pela imensidão geográfica, depois pelo crescimento populacional e habitacional e um outro fator que muito dificulta o nosso trabalho, o material humano. Mas, essas dificuldades não são suficientes para desanimar nossos caminheiros e caminheiras missionários e missionárias, que animados se reúnem nas manhãs de domingo para alegres e incansáveis partilhar um pouco de nossa experiência com o Mestre de Nazaré e sobretudo, ouvir as dores, lamentos e felicidades de nosso povo. É uma bonita festa!
    Outro motivo que temos nós para nos alegrar é que já foi concluída a fase de formação daqueles e daquelas que se propuseram a começar em nosso meio as atividades da pastoral do batismo há muito desejada por nossa comunidade. Ainda este ano teremos a primeira turma de batizados, já foram inscritos 20 crianças.
    No mais, outubro, mês das missões, aconteceram festas em várias da comunidades de nossa paróquia e da nova área pastoral, João Paulo II. Bandeirantes e José de Alencar lembraram a fé, o despojamento,a simplicidade de Francisco de Assis. São Miguel, vivenciou momentos vibrantes no tríduo a São Miguel arcanjo. A comunidade Santa Teresinha, recordou a vida da padroeira das missões, santa Teresinha, que do céu faz "cair uma chuva de rosas". Por último, a comunidade do Pôr do Sol, que pede as bençãos de Santa Edwírges, que jovem, casada e depois viúva soube ser testemunha do amor de Deus.
    Nossa comunidade, integrada a uma rede de comunidades, continua a caminhada rumo a Jerusalém Celeste, compartilhando fé, vida e experiências que nos ajudam a perceber o outro como irmão, como sujeito do amor de Deus e nosso.
São José...Rogai por nós...!

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Caminhando e estudando

 Nossa comunidade até o final do ano tem muitas atividades para realizar.
Participações em novenas das nossas comunidades, encontro de formações, participar ativamente da festa da padroeira de nossa paróquia. Mas, a que mais chama a atenção nesse momento é a formação que faremos do estudo 104, projeto proposto pela cnbb para a organização de uma nova maneira de viver e de ser igreja, deixando de ser centralizada na paróquia, passando a ser comunidade de comunidades. Uma igreja mais parecida com o apelo do documento de Aparecida, que tenha uma espiritualidade samaritana, que olha, se compadece e cuida, uma igreja de gente que não seja discípula e missionária, que não haja essa divisão, mas sim, igreja discípula missionária.
    Com esse espírito e o desejo de colaborarmos com a ação pastoral de nossa igreja nos reuniremos na segunda quinzena desse mês.
 Que nos abençoe nosso padroeiro, São José... Que nos guie a Luz do Cristo Ressuscitado...!